Juventude, comunicação e redes sociais

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Tatiane Pires

Nos últimos anos, a Internet e as redes sociais tem se tornado cada vez mais importantes no dia a dia das pessoas, com troca de mensagens, imagens e informações. E, embora essa mudança ainda não tenha sido totalmente compreendida pelos partidos políticos, a utilização da Internet como meio de troca de informações na política tem se tornado cada vez maior.

Na última campanha presidencial, em 2010, foi decisiva a atuação da militância na Internet para desmentir a versão original da mídia de que o candidato da direita teria sofrido traumatismo craniano. Desmentir as correntes de e-mails e outras informações falsas publicadas nas redes sociais com claro objetivo de prejudicar a campanha da então candidata Dilma Rousseff também foi uma atividade em que a militância virtual foi fundamental.

Os blogs têm sido um meio importante para a divulgação dos fatos que a mídia formada pelos grandes grupos de comunicação não informam de maneira honesta ou simplesmente não informam. E as redes sociais ampliam o alcance das informações publicadas nos blogs.

Para a construção desse cenário, contribuíram a queda do preço dos computadores e do acesso à Internet nos últimos anos; no entanto, a dificuldade de acesso à Internet fora das regiões metropolitanas das grandes cidades ainda constitui uma barreira para a ampliação da participação dessas redes de trocas de informações.

Atualmente, dez famílias controlam o que brasileiras e brasileiros leem e assistem diariamente: Marinho (Organizações Globo), Frias (Folha de S. Paulo), Mesquita (O Estado de S. Paulo), Sirotsky (RBS, maior grupo de comunicação do sul do Brasil), Civita (Editora Abril), Saad (Rede Bandeirantes), Abravanel (SBT), Macedo (Record), Levy (Gazeta Mercantil) e Nascimento Brito (Jornal do Brasil). O comportamento dos grandes grupos de comunicação vai além de porta-vozes do projeto político da direita; a partir dos interesses políticos das famílias que controlam esses grupos, as notícias são selecionadas e formatadas.

A democratização da comunicação é um tema ignorado pela mídia porque contraria seus interesses. Muito além do foco em quais são os interesses desses grupos, democratizar a comunicação é colocar em prática o que já está estabelecido na Constituição há mais de vinte anos. Destacam-se o artigo 221 que trata da programação das emissoras de rádio e televisão, e o artigo 220 parágrafo 5º que estabelece que “os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”.

Em relação ao acesso à Internet, também é necessário conscientizar as pessoas que estão sendo incluídas sobre os blogs e redes sociais como formas de acesso à informação, para que não reproduzam na rede o mesmo padrão de consumo de informação por meio dos portais que fazem parte dos mesmos grupos de comunicação. O ponto fundamental nesse aspecto é a educação para uma avaliação crítica das informações obtidas em diferentes meios.

A Internet abre a possibilidade de troca de informações sem intermediários. Essas informações que trafegam pela rede na forma de bits podem ser textos, músicas, vídeos, software, entre outros. Por isso é importante também estar alerta às recentes ameaças à quebra da neutralidade da rede. Neutralidade da rede é o tratamento sem distinção dos bits que percorrem a infraestrutura que forma a Internet (computadores, roteadores, servidores, etc). As ameaças à Internet como a conhecemos podem ocorrer no Brasil, com o PL 84/99 ou “projeto Azeredo”; ou no exterior, com projetos como PIPA e SOPA no congresso estadunidense. Em vista disso, é necessária a aprovação do Marco Civil da Internet que foi elaborado coletivamente na rede.

A dinâmica da comunicação na Internet é diferente em diversos sentidos, pois o usuário tem a possibilidade de produzir informação e divulgá-la; na política, mais especificamente, difere da maneira como os partidos políticos estão acostumados a formular a comunicação. Portanto, os partidos de esquerda precisam reelaborar sua comunicação interna e externa a partir dessa nova dinâmica; apropriar-se das novas pautas da Internet, da comunicação e do software livre; e, finalmente, conseguir ampliar o diálogo com as juventudes.

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