Rainey Reitman, diretora de ativismo da Eletronic Frontier Foundation, falou na Campus Party sobre como a tecnologia tem sido utilizada por corporações e por governos para ter acesso a informações sobre as pessoas sem o conhecimento delas, e sobre como a tecnologia também pode ser utilizada para que os cidadãos se defendam dessa invasão de privacidade.
Em 2011, o governo da Tunísia utilizou um ataque de JavaScript injection para ter acesso a login e senha de contas no Google, Yahoo e Facebook de ativistas que protestavam contra o desemprego e más condições de vida naquele país.
Em 2012, depois da prisão de um ativista do Ocuppy Wall Street em uma manifestação na ponte do Brooklin, um juiz de Manhattan determinou que o Twitter entregasse à autoridades os dados armazenados nos últimos três meses. Mais que os tweets do ativista, a polícia estava buscando acesso aos IPs utilizados, mensagens diretas (DM) e tweets deletados, informações que não são de acesso público.
O governo estadunidense também tem espionado cidadãos por meio de acesso a infraestrutura de companhias como AT&T, maior provedor de serviços de telefonia e internet nos Estados Unidos, e outras. As corporações, por sua vez, também parecem dispostas a colaborar com governos que buscam espionar cidadãos ou bloquear o acesso a conteúdos disponíveis na Internet, como a Cisco fornecendo equipamentos que atendem às necessidades do governo da China.
Esses são alguns dos casos citados por Rainey que demonstram como governos e corporações tem violado os direitos à privacidade e à liberdade de expressão.
Ela também mostrou ferramentas para manter a privacidade: rede TOR, software Pidgin com encriptação das mensagens, HTTPS Everywhere e TOSBack.
Durante a palestra, Rainey também mencionou o Marco Civil da Internet. Ao final, falei com ela e pedi que deixasse uma mensagem sobre a importância de defendermos o texto do Marco Civil da Internet que foi elaborado por meio de diversas consultas públicas e de protestar contra as alterações que os lobbies das empresas de telecom estão tentando introduzir enquanto o projeto de lei é discutido no Congresso Nacional.
“Neste momento, no Brasil, há uma importante discussão política sobre o papel dos intermediários na Internet e é importante para o futuro das inovações online. É vital que pessoas que se preocupam com os direitos à liberdade de expressão e à privacidade, e com o futuro da Internet que se envolvam nessa discussão. Nós não podemos permitir que políticos desfaçam o trabalho árduo de ativistas digitais e tornem essa lei em algo que nós não acreditamos. O Marco Civil tem a oportunidade de ser uma ferramenta poderosa para proteger o futuro da Internet no Brasil, por isso é muito importante que as pessoas se envolvam nesse processo e não permitam que essa lei seja enfraquecida.”
Link para baixar a mensagem (em inglês): http://db.tt/KtDvp4s5
EFF Calls for Immediate Action to Defend Tunisian Activists Against Government Cyberattacks
As US seeks personal data from Google and Twitter activists move to protect online speech
Cisco Sued For Helping China Build ‘Great Firewall’