PNBL com limite de download NÃO SERVE!

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Tatiane Pires

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O acordo feito com as operadoras para a implementação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) deixa a desejar em muitos aspectos. Embora 1Mbps esteja acima da velocidade utilizada por muitas pessoas — no interior do RS ainda se utiliza acesso discado, por exemplo — há o limite de download de 300 megabytes.

Acessar a internet é essencialmente fazer download!

Não é só quem baixa vídeos ou músicas que faz download; para acessar qualquer conteúdo na internet, é necessário baixá-lo. Com conteúdos cadas vez mais interativos, o simples carregamento de uma página implica o download não só de html, texto e imagens, mas também de diversos tipos de arquivos — jQuery, flash e outros.

Além do tráfego gerado pelo acesso a páginas na internet, há muitas outras atividades na rede que geram grade quantidade de tráfego de download e upload: ligações de voz sobre IP (VoIP), vídeo conferências, jogos online. Sobre o VoIP em particular, não posso deixar de comentar sobre o interesse das operadoras em restringir o acesso a essa tecnologia. Por que eu teria que pagar por uma chamada interurbana para falar com amigos em outros estados e em outros países, se posso fazer uma chamada pela web utilizando um dos diversos serviços gratuitos disponíveis?

A internet elimina intermediários em diversos processos, VoIP é só mais um exemplo entre tantos outros. Se por um lado os antigos intermediários deixam de ganhar dinheiro com serviços que se tornam desnecessários devido à utilização da internet, não podemos ser ingênuos em acreditar que não há fortes lobbies pressionando governos em diversos outros setores. Nesse aspecto, precisamos também nos preocupar com a neutralidade da rede.

Voltando ao PNBL, segundo o IDG Now[1], também não foram detalhados os prazos e recursos para a implementação da infraestrutura que deverá levar a conexão de 1Mbps aos locais não atendidos pelas empresas de telecom. A previsão de que o PNBL seja implementado nos próximos três meses nos locais onde as principais operadoras já atuam também não traz nenhum benefício real, visto que a maioria delas já oferece planos com valor semelhante e sem limitação de download.

Leia também este resumo que detalha o que há de errado com o “termo de compromisso” que favorece as teles e, na prática, desmonta o PNBL: o péssimo acordo da banda larga.

[1] PNBL: Internet de 1 mega a R$35 não é vantagem nos principais mercados

Atualização (06/07/11)
Adicionei outros exemplos de atividades na rede que geram tráfego para mostrar que limitar a quantidade de download é um absurdo.

Atualização (11/07/11)
@MiguelDoRosario: A melancólica banda larga de Paulo Bernardo e a revolução #mimimi

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